quarta-feira, 10 de junho de 2009

Causa Desconhecida


Sem pretensão de exibicionismos, resolvo reacordar minhas palavras, por amor, por tédio, por querer... Pela profunda sensação de desamor pelo o que é humano, ou melhor, pelo o que não devia ser, mais é humano.
Enquanto criança, fui moldada por meus avôs, por quem tenho profunda paixão (aliás, hoje, são os únicos capazes de me provocar tal sentimento) de maneira a transpor o aparente, e nunca me conforma sobre os conceitos, entende-los mais não aceita-los; E talvez por isso ao em vez de aprender a escovar destes e cabelos me foi ensinado a rezar.
A empatia com que fui criada pelo meu avô, a humildade que jorra da pele negra de minha vóvó, do modo como acordava aos sábados, ouvindo minhas tias gargalharem na cozinha, e descer correndo ainda de pijama pelos corredores cheios de sol daquela casa, e comer literalmente e espiritualmente as rosas do quintal em uma atmosfera familiar quase que forjada em neblina azul, com pedaços de nuvem se misturandos aos cachos soltos do meu cabelo.
O pátio rua de minha casa aos nove anos, as pipas, bolas e frutas roubadas dos terrenos alheios misturados aos amigos moleques garotas com quem dividi meu tormento de ser criança, minha inconformidade “Mafaldiana” com o mundo e a com escola.
O acordar vitorioso depois de finalmente dormir uma noite inteira sozinha em um dos meus infinitos quartos sem correr para cama da vó, olhar pra rua e querer o fim de tarde com chuva, pra ser ‘engolida’ pela janela e ir brincar de bola.
Às vezes em que minha amiga, que era e é tão mais bonita feminina e rica do que eu ia a minha casa, e me fazia sentir vergonha do meu quarto que era tão cheio do meu mundo bagunçado, cheio de roupas e posters; E as vezes que era eu quem atravessava a rua e ia ate a sua casa, em seu quarto tão cheio de rosa e fantasia me fazia sentir feliz, porque era eu quem vivia no real.
Tudo isso é muita parte do que sou hoje, não do que tenho que são apenas palavras, mais do que sinto. O desprendimento sentimental, a não ser pelo amor perdido, a surpresa que ainda sinto pelo simples, pelo singelo.
Sou eu o Quase Sem Querer que escapa dos humanos, aquilo que fazemos por amor sem perceber.

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